segunda-feira, 17 de março de 2008

"Un despliegue de maldad insolente..."

São Paulo, 17 de Março de 2008.

15h50

"Que el mundo fué y será una porquería,
ya lo sé..."


"Numa segunda feira a noite, dois rapazes tiveram suas vidas marcadas...

Não se conheciam...

Um estava atrasado, indo para a igreja... o outro seguia para o sua aula...

De repente, a caminho do metrô, um estranho acontecimento já indicava que aquela seria uma segunda feira muito diferente...

Um homem, "aparentemente" normal, exceto pelos olhos meio avermelhados, sem saberem o porquê, resolve ir para cima de um deles... o outro tenta ajudar dizendo que é seu amigo... ah se ele soubesse...

Palavras alteradas... o princípio de um desentendimento e uma agressão física naquele que tentou ajudar...

O outro rapaz, um pouco confuso sem saber ainda o que estava acontecendo, pede para o agredido não revidar, sendo a melhor coisa a fazer seguir em frente...

Já dentro do vagão, depois de apresentados, tentam esclarecer aquele fato... um deles tem sua atenção desviada, pois o causador da confusão é visto conversando com um dos seguranças... mas as portas se fecham e o trem segue...

Na próxima estação entram dois seguranças e o rapaz agredido vai ao encontro deles perguntar se sabiam de algo e conta-lhes o ocorrido... pedem para que desçam na estação seguinte...

Novamente explicam o situação estranha pela qual passaram e são pegos de surpresa ao saberem que são acusados de assalto a mão armada...

São acompanhados por outros seguranças até uma viatura e de lá seguem até a delegacia especializada...

O agressor tornou-se acusador e as vítimas, acusados...

Na delegacia têm suas roupas tiradas, seus pertences revirados à procura do fruto do suposto assalto...

Prestam depoimento e aguardam...

Estão tranqüilos... sabem que a verdade virá...

O acusador caiu em sua própria teia... se contradisse... e revelou o motivo de tamanha infâmia...

As verdadeiras vítimas desde o princípio, são liberadas... voltam para suas casas ainda não acreditando em nada..."



Aquele que seguia para louvar seu Deus e que foi ajudado por um desconhecido é este que vos escreve... e ainda se pergunta o que deveras aconteceu...

É algo surreal... de repente aquilo que é normal encontrar em novelas, filmes, livros... tornou-se um fato concreto...

A pergunta é... qual o limite da maldade? O Homem tem limites?

Motivos para o que aconteceu?

Desespero... insanidade... maldade... pura...

Algo que justifique?

Nada...

Uma acusação leviana... constrangimento... ser alvo de olhares indagadores... ficar nú em pêlo... dignidade violada...

Que mundo é esse? O que fazemos? O que somos?

É isso o que desejamos para os "nossos" filhos? O lodo...

Porque nos acostumamos? "Os valores da sociedade mudaram..." dizem... quais valores? O "jeitinho", "quem não chora, não mama", "o mundo é dos espertos", a cultura de ficar "como um pé de couve" em frente a uma televisão, extasiados, tendo reality shows e afins como entrenimento... esses?

Tenho medo... volto para minha bolha? Finjo que sou mais um? Afinal se não posso com eles, devo juntar-me?...

Medo ainda...

Enquanto passava por isso, tentava acreditar que fosse real, não sabia se chorava ou se ria... aquilo não era crível... hoje ainda não o é...

E assim caminha(?) a humanidade... apenas não quero imaginar para onde... mas não consigo evitar... faço parte dela...

Greco.


domingo, 2 de março de 2008

Aos poucos

São Paulo, 02 de Março de 2008.

15h15

"A grande nuvem escura vai-se embora
dissolve-se a loucura da tormenta
a maré recua agora plana e lenta
as gaivotas largam terra sem demora..."


Depois de um dia longo... trabalhado... me jogo em minha cama e sou enlevado por canções que fazem o cansaço ir embora...

Meus pensamentos são desconexos, cúmplices da estranha leveza que sinto...

Sobre o que falar? Sobre o que escrever?

Sobre tudo... qualquer coisa...

Queria tentar descrever essa sensação de liberdade que sinto, será que já a tenho? ou realmente é apenas uma sensação e ela ainda está a caminho?

Virá... mesmo através destes joelhos vacilantes, que me fazem andar tropegamente tal qual um andarilho...

Tropeço? Significa que ao menos ando... tento...

Mas é bom sentir isso, ao menos uma vez o aperto no peito e o peso em minhas costas estão suportáveis e o vazio é preenchido aos poucos.

Ah... se eu soubesse antes... dizem que a experiência é o nome que damos aos nossos erros, ou seja, é algo necessário, as vezes desagradável mas é um processo natural, entretanto, que nome daremos ao medo de errar? Podemos desviar? Sair desse processo? Creio que não...

É inevitável que ao errarmos e até mesmo sem saber prejudicarmos alguém, tenhamos medo de repetir isso... de passar por algo dolorosamente já conhecido... mas se não tentarmos novamente, como saber? É preciso arriscar, curar as feridas ainda abertas e seguir em frente...

Afinal somos livres(?) ou apenas "humanos, demasiadamente humanos"...

Liberdade é sinônimo de felicidade? Depende do que cada um almeja...
Alguns são livres mas fingem ser felizes, têm tudo e nada, nunca o suficiente... sempre à procura... vida dissoluta...
Outros estão felizes presos em seus próprios mundos, conformados, vivendo numa eterna letargia... falsa realidade... construída sobre a areia...
Existe um ponto de equilíbrio? Algo que harmonize?

Sim... e cada um deve descobrir por si mesmo, não pedindo conselhos sobre o óbvio ou absorvendo apenas aquilo que trará um alívio momentâneo... passageiro...

Descubra-se... recolha-se ao seu íntimo... silencioso... reflita...

Cuidado com o espelho... superficial...

Preste atenção nas coisas pequenas...

Viva...

Deixe a alma de vigia...

Greco.