domingo, 28 de outubro de 2007

Diga-me...

São Paulo,28 de Outubro de 2007

18h10

Diga-me quando encontrarei você...
Quando serei seu e deixarei de viver essas "irreais expectativas"?
Não quero mais ser desleal comigo mesmo, entregando meu corpo e ferindo minha alma continuamente...

Diga-me quando você será real... onde está? Do outro lado desse frio monitor? Ao meu lado no ônibus? Entrando no outro trem? Caminhando pela rua?
Por favor diga-me quando... os pedaços da minha máscara estão no chão, mas querem voltar a ser um só e me esconder novamente...

Sim... eu quebrei minha máscara, pensei que era tempo... estou errado? Diga-me que não!! Não quero voltar a mentir, quero ser livre, ser feliz... posso?

Diga-me quando você virá me completar... diga-me e então me livrarei dessa melancolia, estou farto da companhia que ela me oferece... Diga-me...

"[...] me pergunto se as estrelas indicam
A vida que é para ser minha.
[...] elas deixariam que sua luz brilhasse
O suficiente para que eu seguisse?
[...] levanto os olhos para os céus
Mas a noite tornou-se nublada acima.
Nenhuma centelha de constelação."

Greco.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Carta de Alforria

São Paulo, 16 de Outubro de 2007

18h45

Quando colocamos os outros à nossa frente, sempre chegaremos por último, então aqui vai mais um basta...

O último mês para mim foi um inferno, não que alguém tenha notado, pois dissimulo muito bem, ironizo minha própria dor, mas por dentro eu queimava, algo me corroía e minha mente ficava em turbilhão.

Devido a uma(?) irresponsabilidade minha e de um(?) outro, eu corria o risco de ter algo indesejado... sim... "aquilo"...

Fui ao médico e ele pediu alguns exames além de me alertar, com uma cara de poucos amigos sobre isso, nas entrelinhas ele gritava "irresponsável" e dentro de mim, eu aceitava a responsablidade, era só minha, fiz porque quis e deveria assumir as conseqüências, fossem quais fossem... Às vezes sou irritantemente racional e isso me ajuda a ser frio nessas horas.

Pois bem, agendei os exames e fui fazer...

Alguém consegue imaginar o que passou na minha cabeça? Eu revi minha vida, tudo o que tinha feito, tudo o que tinha passado, tudo o que tinha vencido e perdido, todos as barreiras que eu mesmo havia colocado à minha frente, tudo... tudo...

Tudo isso veio num átimo de segundo enquanto andava na mais paulista das avenidas, entre meio ao trânsito e às pessoas indo e vindo apressadas, ali caminhava alguém que poderia ter a vida mudada por causa de uma pequena e amedrontadora palavra...

Quando cheguei ao laboratório tive que enfrentar alguns contratempos que não há necessidade de comentar aqui, então sentei e peguei uma revista, folheando eu encontrei isso e fiz questão de anotar:

"(...) não pense que a pessoa tem tanta força assim a ponto de levar qualquer espécie de vida e continuar a mesma”.

Já senti algo estranho, mas continuei lendo:

"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso, nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro”.

Fiquei me perguntando qual era meu defeito ou o pior deles, todos temos, mas o meu pior eu não conseguia enxergar, talvez porque estivesse tão ligado aos outros ou porque eu não queria admitir qual era...

Eu sofro por antecipação sempre, e jogue a primeira pedra quem nunca sofreu... continuei lendo:

"(...) somente até certo ponto que a gente pode desistir de si própria e se dar aos outros e às circunstâncias. Depois de uma pessoa perder o respeito de suas próprias necessidades, depois disso fica-se um pouco um trapo."

Em nenhum momento me desesperei, como disse sou muito racional, mas comecei a fazer conjeturas e as palavras "vergonha da família" vieram à minha mente, fiquei imaginando como seria "se"...

Alguns dias atrás comentei com alguém que não devemos viver dos "ses" mas sim do "é", do presente, do agora e principalmente do real... então resolvi esperar o resultado e assumir o que deveria.

O resultado saiu, mais rápido do que o esperado, somente para trazer à minha mente "notícia ruim vem depressa" (humor negro).

É negativo.

Por isso vou colocar o último trecho do que li na revista:

"(...) respeite a você, mais do que os outros, respeite suas exigências, respeite mesmo o que é ruim em você _ respeite, sobretudo o que você imagina que é ruim em você _ pelo amor de Deus, não queira fazer de você uma pessoa perfeita _ não copie uma pessoa ideal, copie você mesma _ é esse o único meio de viver”.

Fico pensando hoje, nisso tudo que aconteceu, no que passei, nessa revista que encontrei, se alguém teve curiosidade, são trechos de uma carta escrita por Clarice Lispector a um parente, nessa revista havia uma matéria comentando sobre o livro que montaram com as correspondências dela.

Bem, será que preciso dizer mais alguma coisa? Talvez sim, então apenas um aviso àqueles que merecem.

Mudei a placa... agora não mais "me fodam", mas sempre "FODAM-SE".

Abraços,

Greco.


quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Esquece! Tudo vai bem!

São Paulo, 11 de Outubro de 2007

23h20

Hum...

Te deu bolo, 1, 2, 3 vezes? Esquece!
Ligou e não teve resposta? Esquece!
Enviou mensagem e nada? Esquece!
Ah... os celulares são de operadoras diferentes e ele não pode ligar porque se fosse da mesma operadora ele teria vantagens? Esquece!
Porque VOCÊ pode perder as suas "vantagens" ligando e ele não? Esquece!
Depois de um longo "relacionamento" VIRTUAL... ele te deletou do messenger sem mais nem menos? hauahuhuahuahuaua Esquece!
Você enviou e-mail perguntando o porquê da deleção? hauhauhuahuhauhuahua Esquece!
Te paquerou na balada e logo depois estava aos amassos com outro? Esquece!
Terminou com você pelo celular? Esquece!

Se você passou em um lugar malcheiroso, porque ficar lembrando do fedor?

O avestruz põem seus ovos embaixo da areia e sai despreocupado, pois sabe que lá estão aquecidos e seguros e não quer esquentar a cabeça com isso, prefere colocá-la em outros lugares...
Algum pássaro gorjeia em seu próprio ninho? Não! ele não é bobo para atrair predadores, abre suas asas, alça vôo para bem longe e lá sim ele fica cantando e saltitando sem preocupações...

Ou seja... eles esquecem dos problemas e continuam vivendo...


"Amanhã será um lindo dia, da mais louca alegria que se possa imaginar..."


Amanhã será... hoje é! o ontem? já foi mesmo, pra que ficar lembrando? Tem feridas? Pra que suporar ainda mais? Deixe-as cicatrizarem é melhor... como? Amando, curtindo, lendo, escrevendo (um blog?), vivendo...

Ai ai ai ai!!! De novo a histórinha do jardim e borboletas?? Tá bom! Tá bom! Então vamos fazer o seguinte, você cuida de um jardim e suas flores que vão secar logo logo (a baixa humidade do ar em Sampa preocupa) e eu pego um cacto (sou fã), ele dura mais e não dá trabalho...

Pensando bem vou plantar uma árvore!! Assim posso ajudar o Brasil a cumprir as metas do "Protocolo de Kioto" e ainda poder ganhar dinheiro vendendo cotas de carbono... (que viajem)

Enfim...

Esquece! Tudo vai bem!

"Amanhã, mesmo que uns não queiram será de outros que esperam ver o dia raiar..."

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Déjà vu

São Paulo, 07 de Outubro de 2007

17h57

Esses dias conheci uma pessoa, numa pequena cidade próxima à Sampa, muito bacana, inteligente, esforçada...
Não rolou nada, apenas uma conversa, aperto de mão e um "noutro dia com mais tempo"...
Apesar que se depender do que vou comentar aqui, talvez sejamos apenas amigos.

Quando cheguei à cidade e fui para o local de encontro, fiquei assombrado com o que senti, um "déjà vu", sim, aquela sensação estranha de já ter visto, ou estado em algum lugar...

Eu olhava para os lados e ficava mais perturbado ainda, depois quando conheci essa pessoa e fomos conversar em outro lugar, novamente "o mesmo banco, a mesma praça"...

Eu me considero uma pessoa um pouco séria, não falo em demasia, gosto de ouvir as pessoas e observá-las enquanto isso, mas por causa desse "déjà vu", fiquei pior, calado, apenas escutando, peço desculpas pois eu apenas prestava atenção à conversa que talvez tenha se tornado um monólogo, por minha causa.

Fiquei com medo, muito mesmo, é sempre assim com o "inexplicável", realmente não sabia o que significava isso, fiquei viajando na minha mente, procurando o resto, o que aconteceria depois.... e fiquei mais preocupado ainda depois que vim embora, pensando
"será que estou louco?", "será que fiz isso de propósito?", "será que essa foi uma maneira de dizer não?"...

Hoje, pensando com mais calma, ainda não consegui chegar a uma conclusão, mas de certa forma esse "não inconsciente" foi melhor, porque eu poderia estar aqui escrevendo que mais uma vez fiquei com alguém e não senti nada e que continuo na busca...

Não fiquei, mas a busca (ou espera?) continua...

Gostaria de comentar também que nessa semana que passou, conheci um amigo, o Cara Imperfeito, ele veio para fazer um teste aqui na cidade e deu certo de nos conhecermos.

Estou contente, pois saímos do virtual tão rápido e de uma forma inesperada... foi um prazer meu caro e obrigado pelo gentil comentário a meu respeito em seu post!! Volte sempre!!

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Recaída (?)

São Paulo, 01 de Outubro de 2007

17h00

Faz um ano que voltei à São Paulo, fiz tantas coisas, muitas das quais não me orgulho, mas pensando bem algumas até foram necessárias, talvez hoje faria de outra forma, ou não faria... o saldo? Ainda não sei...

Tento seguir o “Non, je ne regrette rien” (Não, eu não lamento de nada), mas às vezes é difícil, pois passei por tanta coisa nesse último ano, mudei muito, quando me olho no espelho fico me perguntando se aquele realmente sou eu, se é esse que estava escondido o tempo todo, ainda não tenho a resposta mas sinto que não estou mais na minha confortável bolha...

É... eu tinha uma, era meu refúgio(?). Talvez soe como uma recaída, ou então seja algum resquício da minha covardia, mas eu me sentia seguro(?) lá... tudo bem, me sentia um hipócrita sempre que “entrava” ou “voltava” para ela... mas eu tinha algo e agora estou só, por minha conta e tenho medo de assumir as responsabilidades, não posso mais dizer “não sabia” ou então me esconder atrás da minha antiga máscara... ela não existe mais, pelo menos eu não a vejo...


"O medo, o medo levanta muros
E ergue bandeiras pra nos deter..."



Conheci algumas pessoas, sim... no sentido bíblico também (ironia agora?), outras apenas no “mundo virtual”, o que penso a respeito? Posso dizer não sei? Não, não posso, pois tenho que admitir que me deixei “influenciar”, eu era um crítico mordaz desse “mundinho gay”, do “way of live”... ironicamente me vejo nele, tanto esforço para ser a exceção, e hoje sou apenas mais um, fazendo aquilo que outrora condenava ou que no fundo morria de curiosidade e vontade em fazer...

Escrevendo isso tenho vontade de chorar mas não consigo, me sinto preso e sozinho... comentei com um amigo sobre as minhas antigas “sensações” de não pertencer a nada, a ninguém, a nenhum lugar... sou egoísta por pensar assim? ou por sentir isso? É um pouco contraditório, como sentir-se preso e ao mesmo tempo não pertencer a nada? Mistérios de Greco...

Isso nada tem a ver em ser gay ou não, (afinal tenho alguma opção??), mas sim com frustrações diárias, seja no campo profissional ou pessoal, é o medo do que virá... do amanhã, dos sonhos que ainda não consegui materializar ou dos objetivos que ainda não alcancei, juntando isso, mais o fato dessa bendita "solidão" sempre me jogar na cara as promessas fúteis que já ouvi, o tempo perdido em dar atenção a quem queria apenas brincar, a espera, a expectativa...Arghhhh!! acabo não aguentando...

Peço encarecidamente que não venham com aquela histórinha de "cuidar do jardim, de borboletas que virão, etc...", já me enchi disso e sempre fui educadinho, mas estou perdendo a paciência... por favor não mais, ok?


Abraços.