São Paulo, 16 de Outubro de 2007
18h45
Quando colocamos os outros à nossa frente, sempre chegaremos por último, então aqui vai mais um basta...
O último mês para mim foi um inferno, não que alguém tenha notado, pois dissimulo muito bem, ironizo minha própria dor, mas por dentro eu queimava, algo me corroía e minha mente ficava em turbilhão.
Devido a uma(?) irresponsabilidade minha e de um(?) outro, eu corria o risco de ter algo indesejado... sim... "aquilo"...
Fui ao médico e ele pediu alguns exames além de me alertar, com uma cara de poucos amigos sobre isso, nas entrelinhas ele gritava "irresponsável" e dentro de mim, eu aceitava a responsablidade, era só minha, fiz porque quis e deveria assumir as conseqüências, fossem quais fossem... Às vezes sou irritantemente racional e isso me ajuda a ser frio nessas horas.
Pois bem, agendei os exames e fui fazer...
Alguém consegue imaginar o que passou na minha cabeça? Eu revi minha vida, tudo o que tinha feito, tudo o que tinha passado, tudo o que tinha vencido e perdido, todos as barreiras que eu mesmo havia colocado à minha frente, tudo... tudo...
Tudo isso veio num átimo de segundo enquanto andava na mais paulista das avenidas, entre meio ao trânsito e às pessoas indo e vindo apressadas, ali caminhava alguém que poderia ter a vida mudada por causa de uma pequena e amedrontadora palavra...
Quando cheguei ao laboratório tive que enfrentar alguns contratempos que não há necessidade de comentar aqui, então sentei e peguei uma revista, folheando eu encontrei isso e fiz questão de anotar:
"(...) não pense que a pessoa tem tanta força assim a ponto de levar qualquer espécie de vida e continuar a mesma”.
Já senti algo estranho, mas continuei lendo:
"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso, nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro”.
Fiquei me perguntando qual era meu defeito ou o pior deles, todos temos, mas o meu pior eu não conseguia enxergar, talvez porque estivesse tão ligado aos outros ou porque eu não queria admitir qual era...
Eu sofro por antecipação sempre, e jogue a primeira pedra quem nunca sofreu... continuei lendo:
"(...) somente até certo ponto que a gente pode desistir de si própria e se dar aos outros e às circunstâncias. Depois de uma pessoa perder o respeito de suas próprias necessidades, depois disso fica-se um pouco um trapo."
Em nenhum momento me desesperei, como disse sou muito racional, mas comecei a fazer conjeturas e as palavras "vergonha da família" vieram à minha mente, fiquei imaginando como seria "se"...
Alguns dias atrás comentei com alguém que não devemos viver dos "ses" mas sim do "é", do presente, do agora e principalmente do real... então resolvi esperar o resultado e assumir o que deveria.
O resultado saiu, mais rápido do que o esperado, somente para trazer à minha mente "notícia ruim vem depressa" (humor negro).
É negativo.
Por isso vou colocar o último trecho do que li na revista:
"(...) respeite a você, mais do que os outros, respeite suas exigências, respeite mesmo o que é ruim em você _ respeite, sobretudo o que você imagina que é ruim em você _ pelo amor de Deus, não queira fazer de você uma pessoa perfeita _ não copie uma pessoa ideal, copie você mesma _ é esse o único meio de viver”.
Fico pensando hoje, nisso tudo que aconteceu, no que passei, nessa revista que encontrei, se alguém teve curiosidade, são trechos de uma carta escrita por Clarice Lispector a um parente, nessa revista havia uma matéria comentando sobre o livro que montaram com as correspondências dela.
Bem, será que preciso dizer mais alguma coisa? Talvez sim, então apenas um aviso àqueles que merecem.
Mudei a placa... agora não mais "me fodam", mas sempre "FODAM-SE".
Abraços,
Greco.